O Vento

Recordei-me de uma situação recente a qual fui colocada a prova, onde alguém me disse para fechar os olhos, e para ouvir o que estava a minha volta, essa pessoa disse-me:

- Diz-me ou que ouves.

Eu parei por uns minutos naquele silêncio e ouvi o vento, assim respondi:

-Ouço o vento!

A pessoa Voltou a dizer-me:- Não! Diz-me o que ouves, não podes ouvir só o vento, presta atenção.

Novamente fechei os olhos e tentei perceber o que mais ouvia, respondendo da mesma forma. A pessoa voltou a dizer-me não! Tu és uma rapariga inteligente, não me estás a dar a resposta da forma correcta:

- Diz-me o que ouves.

Eu mais uma vez parei e concentrei-me e senti vários sons, os outros que eu dizia que não ouvia, ouvia o pingar de algo líquido no chão, ouvia o vento soprar de forma diferente e até de quanto em quanto tempo ele soprava de forma mais intensa e menos intensa, até de que lado vinha o som das pingas que caiam no chão, respondi e disse tudo o que ouvia, a pessoa disse-me vês, é por isto que tu por vezes não vives porque estás demasiado habituada a ver as coisas só de uma forma.



sábado, novembro 28, 2009

Forma de viver

Por vezes dá-me vontade de fugir, creio que não em encaixo neste mundo, não por ser melhor ou pior mas sim por ver como as pessoas desperdiçam a vida que é um bem demaisado precioso, por vezes sinto uma revolta enorme por ver pessoas a darem mau uso á sua vida, mas eu não sou ninguém para falar nisso, também dei até há bem pouco tempo, onde por vezes curvo e viro um arcaboiço cinzento, onde tudo em irrita, tudo chateia onde me dá vontade de fugir, fugir para bem longe, fugir porque me sinto cansada, cansada do mundo, da forma como as pessoas agem, e magoam os outros, cansada por serem como são quando há coisas bem melhores para aproveitar aqui, agora neste momento.

quinta-feira, novembro 26, 2009

"Viver é consumir-se de amor, dialogar, perder-se nos outros. A vida é a interpenetração total das almas e das inteligências."

Se tu viesses ver-me

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca

terça-feira, novembro 24, 2009

Paixão

"Nada existe de grandioso sem paixão." Hegel

Quando falamos de paixão associamos logo ao amor entre um homem e uma mulher, mulher e mulher ou homem e homem.
Fazendo tudo na vida com paixão, amando, trabalhando, criando com paixão, vai ajudar-nos a evoluir, crescer como ser humano, como pessoa, vai ajudar-nos a mudar o mundo, pois a cada dia que acordármos vamos acordar e viver esse dia com paixão e deixar que o que há de melhor em nós fluia e torne também o mundo grandioso, deixando que nós próprios nos tornemos grandeidosos porque o sentimos, porque o queremos, porque o fazemos com paixão.

Os versos que te fiz

Os versos que te fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!


Florbela Espanca

segunda-feira, novembro 23, 2009

como escrever uma rima, um poema

Um dia alguém me perguntou o que fazia para escrever rimas, para escrever um poema.

No momento a resposta saíu-me sem pensar, do coração. Para se escrever poesia tem de se escrever com a alma essa é a ferramenta essencial, por isso termos uma herança tão grandiosa na literatura Portuguesa, Fernando pessoa é uma delas.

Poema de Fernando Pessoa

"Autopsicografia "

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
que se chama o coração.

Fernando Pessoa

sábado, novembro 21, 2009

Como distinguir um fruto bom de um fruto mau

Um fruticultor tem um grande cuidado com a árvore que planta, alimenta-a, dá-lhe o devido tratamento caso fique doente, protegia, mesmo sem saber se está lhe vai dar fruto, bom ou mau.
Por vezes quanto mais se cuida da árvore, quanto mais se protege, menos bom fruto ela dá ao fruticultor, mas, pelo menos ele sabe que não foi por sua culpa, que pelo menos tentou, e quando a árvore cresce e se carrega de frutos há sempre parte deles que estão podres, e de nada vão servir a não ser deixar o fruticultor no prejuízo. Assim sendo este resta-lhe uma única solução abanar a árvore para que os frutos podres caíam, por vezes estes ainda tentam enganá-lo pois continuam com o calo agarrado á árvore, mas o fruticultor conhece bem demais a árvore, e não há escapatória possível para estes frutos podres que acabarão por cair no chão.

Vale sempre a pena

Apesar de estar plenamente consciente do mundo em que vivo e da sociedade que me rodeia, continuo a acreditar que é possível ainda fazer algo. Como? Ainda não sei mas tenho a certeza que alguma coisa se hade arranjar, mas para isso é preciso que as pessoas queiram.
Queiram parar de se lamentar quando teem tudo para serem felizes, que queiram deixar de ser comodistas, frustadas infelizes, sem capacidade para amar e se deixarem amar, é preciso que queiram que o mundo mude. não basta esperarem que ele mude sozinho.

Vale sempre a pena tentar, quando a alma não é pequena.

segunda-feira, novembro 16, 2009

"A arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações infantis que ultrapassam os limites do conhecimento; é ai que se encontra o seu reino. Toda a ciência do mundo não seria capaz de penetrá-lo."
( Loinello Venturi )